Olá!
Olha eu de novo
falando que serei menos displicente com o DT1P, hehehe
Pois bem,
vamos de conto de novo?
Essa semana
posto uma resenha ou uma crítica pra vocês comentarem.
Well, esse é o meu jeito de desejar Feliz Dia de Sto. Antônio!
~~x~~
Fabi e Dutão, seu amigo gay,
estavam passeando no shopping e tomando sorvete quando viram um casal da mesma
sala deles.
— Eu acho que aqueles dois estão
tendo um caso.
— Caso? Nããão. Mentira! Ele com
uma garota? Sei. Ele é gay, sua bobinha.
— Ruan não é gay! — ela
protestou. — Até me pediu em namoro ontem — confidenciou.
— Então, amiga, ele é bi.
Fabi enfiou uma colherada do seu
sorvete na boca de Dutão.
Assim eram as tardes deles:
passear, fofocar, ir ao cinema e chorar com um filme romântico qualquer regado
a muita pipoca e refris imensos. De vez em quando Fabi conseguia um namorado e
ia, de propósito, assistir à filmes de terror só para agarrar o rapaz
desavisado.
Dutão tinha desistido do colégio
e fez um supletivo.
— Livre da rotina de estudante! —
comemorou ao se formar.
Só que a professora de artes
adorava as interpretações dele e o chamou para fazer um curso de teatro onde
ela era a coordenadora. Por consequência, Fabi veio no pacote.
Na terceira semana do curso, ela
fez uma cena de beijo.
— Fabi que beijão! — Dutão
vibrava, contido para não chamar muita atenção. — Eu nunca te vi tão... tão...
Ah, não sei. Tipo perfeita, ali — apontou para o palco e desistiu de falar.
— Eu sei — ela concordou, meio sem
graça.
O garoto em questão se chamava
Tom. Loiro e com olhos tão azuis quanto aquas-marinhas. Fabi não via nada
demais, a cena exigia um beijo (Romeu e Julieta planejavam fugir) e os dois
cumpriram o escrito. Mas para Dutão era um novo amor, como os dos filmes que
assistia com a amiga.
Na aula seguinte apareceu careca,
não que fosse cabeludo antes, mas o cabelo crescera um pouco mais do que ele
achava aceitável para um cara do Cachambi.
— Negão, careca e gay — Fabi o
sacaneava. — Dutão, você tá parecendo um T-Rex, só que sem a cauda.
— Loira, de óculos e aparelho —
Dutão refletia, com os olhos ferozes cravados nos dela. — Fabi, você é só mais
uma nerd no mundo.
Assim, eles ficaram separados
pela primeira vez na aula de teatro. Dutão não perdeu tempo e foi colar em Tom.
Os dois conversaram muito. “Até que o loiro não é burro”, ele pensou.
Mas Fabi tinha uma tensão sexual
era com o gordinho da turma: Péricles. Moreno com longas madeixas lisas que
faziam lembrar Ronnie Von nos velhos tempos (mas só lembrar, mesmo). O problema
é que era mais fácil ele ter um caso com Dutão do que com Fabi, apenas a
coitada não enxergava isso, ou não queria.
Aconteceu que um dever em grupo
para a aula seguinte reuniu Fabi, Tom, Péricles e Dutão em uma lanchonete do
shopping, no Dia dos Namorados.
Se Drummond estivesse escrevendo
isso, sairia algo como:
Tom amava Fabi
que flertava com Péricles
que estava afim de Dutão.
E o destino ainda preparava mais
uma para os quatro amigos, pois não bastava Fabi ficar triste por estar sozinha
nessa data, o ex-futuro-namorado precisava aparecer.
— Ruan! — ela exclamou,
assustada, fazendo os três garotos se virarem para o que andava sozinho olhando
as vitrines.
— Fabi? — ele olhos todos na
mesa. — Tudo bem, galera? Eu não quero atrapalhar vocês não. Parecem tão...
concentrados aí.
— Ih, Ruan, tem nada disso não.
Senta aí — Dutão disse. — A gente só tá escolhendo uma cena para fazer na
semana que vem — olhou para o garoto e suplicou: — Perdoa-me Por Me Traíres.
— Hã?! — todos se assustaram.
— O nome da peça do Nelson
Rodrigues, pessoas displicentes. Fala aí, Ruan, e a namorada? Vai me dizer quem
um cara assim, bonitão feito você tá sem ninguém. Hoje.
Ruan e Fabi trocaram um olhar
tristonho.
— Estou.
Um brilho passou feito um raio de
esperança pelos olhos da garota.
— Tá sem programa pra hoje, Fabi?
— Ruan arriscou.
— Nós vamos ao cinema. Tem uma
comédia romântica que ela quer ver.
— Ah, Dut... — Ruan foi
interrompido.
— Eu nada! Quem falou que vai com
ela é o Deus Nórdico aí — explicou apontando para Tom com o nariz.
— Você e ele vão...? Mesmo?
Tom viu a sua chance chegar,
levantou e Fabi fez o mesmo.
— Vamos sim — o loiro confirmou,
aproveitando para passar o braço pela cintura dela. — Estamos muito
apaixonados, não é?
— Si-Sim! — Fabi hesitou, mas
logo fez cara de apaixonada para Tom. — Estamos envolvidos há algum tempo —
virou-se sorrindo para o ex-futuro-namorado. — Acontece, né, Ruan?
O olhar, o silêncio e o meneio de
cabeça diziam “claro, sejam felizes”.
Mas Ruan apenas falou:
— Feliz Dia dos Namorados.
E quando ia embora, Dutão
apimentou a cena com um grito que fez toda a praça de
alimentação se virar para eles.
—
Eu tenho que contar, Fabi!
—
Dutão! Contar o quê?
—
Tom, desculpa, mas... você é chifrudo! Pronto, falei.
A
multidão apenas fez “uh”. Tom sabia que não namorava Fabi nem ninguém, a garota
também tinha plena noção disso. Péricles estava lívido com as revelações, Ruan
idem.
—
Chifrudo? — Tom perguntou indignado, comprando a cena de Dutão para ver até
onde ele ia. — Quem é o canalha?!
O
careca apenas apontou para Péricles, que na mesma hora compreendeu que era tudo
um “teatro da vida real”.
—
Eu sim. Beijamos, abraçamos, pegamos, o diabo! — começou a rir, já que era o vilão... — O loirinho é
corno! Rá-rá-rá!
Fabi
deu um tapa em Péricles com muita raiva. A multidão gemeu.
—
Você não tinha o direito de contar! — algumas lágrimas brotavam.
Ruan
não sabia se era mentira ou verdade, mas ficou ao lado de Tom.
—
Foi ela quem pediu “vamos fazer aquele lá de corno? É manso” — deu uma risada
nasal. — Pode ficar pra ti. É fria.
Péricles
pegou a mochila e foi embora. Ruan jogou um olhar de alívio por não ter ficado
com ela e também saiu dali.
Os
três se olharam e caíram nas gargalhadas. Péricles e Ruan voltaram rindo
também.
—
Foi uma pegadinha, minha gente! — Dutão explicou para as pessoas da praça de
alimentação e os seguranças que chegavam. — É só pra vocês pensarem mais antes
de pular a cerca. A revelação é sempre
pior.
Todos
riram e aplaudiram.
—
Eu nunca mais volto nesse shopping — Fabi disse por trás de um sorriso e alguns
acenos, enrubescendo.
Ali
ficaram os cinco, rindo, comendo e contando histórias como velhos amigos.
Afinal, Dia dos Namorados sozinho ninguém passa.
Fim.
Bem, é isso!
até...