Olá!
Hoje é dia de um texto meu. Cuidado! Tá quentinho, acabei de escrever.
Espero que gostem e comentem.
~~x~~
— É o que eu preciso, o fogo. O fogo e um pote.
Margarida levou Chica Gulosa
até a área dos fundos e entregou-lhe o velho balde de aço e uma caixinha de
fósforos longos. Ali naquele lugar se daria a mandinga.
— A mulher jovem não irá
aturá-lo como tu aturou — Chica disse com sua voz cansada, enquanto colocava as
ervas dentro do balde. — Nenhuma atura. Ele não tem dinheiro, essa casa aqui é
alugada...
— Mas, Mãe Chica, ele tem
outros jeitos de prender uma mulher —
Margarida respondeu, com a fala rápida. — Eu não suportaria ficar sem o meu
Dwrvalino — disse, abanando-se com as mãos enquanto algumas lágrimas brilhavam.
— Não seja bobinha, Marga,
mulher nova cansa rápido de homem mais velho. Além do mais, eles moram ali em
Brasília. Não são nem vinte minutos de viagem.
— Eu sei, Mãe, mas... — a cara
de choro deu lugar a uma expressão de desconfiança. — Calma aí, como tu sabe?
Chica Gulosa desviou o olhar
para a mandinga que se fazia no balde: ervas, frutas vermelhas e fígado de
cabra. Cru. Ela pegou a galinha d’Angola que trouxera do terreiro, lugar que
até alguns anos antes de Jucelino chegar com seus candangos era um quilombo, e
decapitou-a com um golpe certeiro da faca afiada. A cabeça caiu no chão e ela escorreu
o sangue para o balde como uma garrafa de vinho tinto recém-aberta. Dizia
palavras ininteligíveis.
— Todos no bairro sabem, uai,
Dwrvalino disse pra Deus e o mundo que estava de saída pra viver na Capital.
Margarida engoliu essa resposta
meio de qualquer jeito e ficou observando a cabeça que ainda se debatia no
chão. Chutou. Ela pareceu dar um último suspiro antes de fechar os olhos.
“Deve
ser o calor e o cheiro desse troço”
pensou.
— Agora vamos às instruções.
Quando o fogo acender, inale e mentalize aquela cadela longe de Dwrvalino. Em
três dias tudo se resolverá — Chica Gulosa prometeu.
— Simples assim?
A outra assentiu levemente com
a cabeça.
— Antes que eu possa dizer
Jucelino Kubitiéqui rápido e sete
vezes, ele vai tá de volta. Faça, Mãe Chica.
Chica Gulosa virou-se de costas
para ela e esboçou um sorriso riscando o fósforo. Soltou-o na mistura, uma
chama verde-azulada subiu duas vezes o tamanho do balde chamuscando teto.
Margarida chegou bem perto e
inalou a fumaça, como Chica Gulosa mandara. Os olhos, unhas e língua ficaram
negras, os cabelos secaram e a pele enrugou. Margarida tinha algumas rugas, mas
sua aparência ficou a de uma mulher de trezentos anos que morou os últimos
duzentos e cinquenta numa zona radioativa.
Mãe Chica? Ah, a velha Mãe
Chica Gulosa... Essa foi recuperando a juventude, beleza e a pele delicadamente
firme. Cabocla bela e formosa, Chica deixou Margarida se retorcendo no chão e
atirou a mandinga pela casa.
Horas depois, quando o ônibus
que pegou para Vitória passou pela estrada ao lado da casa de Margarida, as
chamas verde-azuladas lambiam duas quadras de casas.
Fim.
~~x~~
Que final, hein?
Hahaha
Bem, é isso!
Sigam-me os bons: @drigordl
Até...
que final tenso rsrsrs
ResponderExcluirlegal o texto, só que faltou um pouco mais de.. de.. de alguma coisa para prender mais o leitor :) mas está de parabens :)